A Sabedoria vem dos Invernos...

Os invernos são profundos, na imensidão do inconsciente me perco para encontrar-me em um lugar onde os sorrisos sejam mais frequentes. Toda tormenta passa arrastando a alma para caminhos tortos, mas essa mesma tormenta é como uma mãe que ensina seu filho sobre as dificuldades da vida. O inverno não é denso, nem pesado. Ele é frágil como um floco de neve caindo no domingo de manhã, tem um sabor limpo quando derretido na primavera.


... Ah como são belas as Nuvens
Que se espalham com uma ligeireza
Formando densas camadas de cores negras
E as Tempestades estão por vir
Hoje todas as memorias hão de despertar
Lembranças de uma era que ainda vive
Vilarejos, casas, camponeses...
Ah como me é demais familiar
Caminhos em uma trilha de um bosque
Névoa e assovios no ar
Quando as nuvens demoram a chegar
Ainda estou no caminho de casa.
Os sinos da igreja ao longo da estrada de pedra
O vestido acobreado borrado de lama
Os pés congelados e a respiração forçada
Os longos caminhos dos antepassados
As árvores que se formam em arco
E as pequenas flores singelas do que restou da primavera
Chegou o inverno cá em mim...

"A lua me lembra você. 
Tão bonita, tão brilhante e distante."




Enquanto estrelas caem dos meus olhos...



Isto é uma pausa, uma ausência e um desencontro. Há muitos motivos que eu poderia descrever para explicar minha ausência desta página, porém não convém deixar nessas linhas explicações tristes e sem magia, afinal não é esta proposta desse blog-diário. Não tenho certeza de que irei retomar minhas atualizações cá com certa frequência como antes, não me sinto bem para isso. Porém também não digo que este é um adeus ao Blog. Assim que minhas viagens cósmicas cessarem voltarei. Se você caro leitor que acompanha minhas entrelinhas, me desculpe por este colapso. Eu precisei partir...


A história não tem um lugar aqui, tem um lugar muito distante no momento.
Minha história está nas estrelas que caem.
Toda história tem um caminho
No caminho tem um buscar
Um buscar incessante por delicadezas.

  • Almas perdidas e doces
  • Bondades
  • Respirações roubadas
  • Abraços confortantes
  • Estrelas do céu
  • Planetas amistosos

Como já dizia em um escrito, somos mesmo porcelanas raras... frágeis...
Cuidem para não tropeçarem e não se racharem
Acautelem-se para não caírem, uma vez quando nos quebramos, a reconstrução deixa marcas...


Então cortinas brancas avançam sobre os olhos.
Traçando caminhos secretos.
Levando memórias sombrias.

Névoas se prendem à mim
Não me deixaram cair
Meu corpo permanece frio



Não tenha medo do cinza
Ele é tão misterioso
Sua presença é lenta
E vai-se devagar... 




Images: Samantha Heather

Pequena alma da solidão

Eu entendo quando pessoas deprimidas procuram uma reclusão. O silêncio me é favorável em muitos momentos. Meu coração é solitário por natureza, gosto de caminhar sozinha por lugares longe de movimentações, sejam caminhadas reais ou nos sonhos, sempre estou de alguma forma amparada pela solidão e pelo silêncio. E de toda forma não os considero ruins e desagradáveis, minha alma alegra-se quando a calmaria em uma noite no estilo Van Gogh é acessível aos meus olhos, para mim tudo é preenchido. Não preciso de muito. 

Sentada sozinha ao longo de uma estrada fechada de eucaliptos.
Respiração cansada de trafegar sobre trilhas mal feitas.
Cortes e arranhões pelos braços ocasionados por galhos e espinhos.
O suor que escorre
O pé dolorido
A vista turva
Cheiro de terra molhada
Céu nublado
E uma grande satisfação.

Em uma sexta-feira de manhã tudo por ser fantasia. Tem dias que ir de rumo a uma fuga da cidade {Fugere Urbem} é como regressar para uma casa no meio da mata. Observar da janela a chuva que cai leve e fraca pois entra em conflito com os raios ferozes do sol. As folhas balançam e os caules mudam de cor mais pastel para tons escuros, a terra também torna-se escura e as nuvens densas e carregadas se aproximam, eu não espero que elas se derramem em baldes acima dos meus olhos, elas mais parecem quererem se dissiparem para além.

Feche os olhos.
Sinos que badalam alertando o vento apressado e sorrateiramente adentra pelas brechas da porta.
Sou um fantasma não assustado que vagará até a próxima parada.
Pensando sobre os problemas de uma forma poética.

Nem tudo é traduzivel.
Alguns dizem que o que escrevo é estranho e confuso.
Eu os disse que escrevo para mim e estou fazendo isso agora.
Os sentimentos são iguais em nome mas nós sentimos de formas diferentes.
Pois vejo os dias como montanhas...
Se você tem histórias sobre lugares distantes, estou esperando que me conte...


#Fragmentos secretos 01

Quinze para seis da manhã...

"Pássaros e seus cânticos suaves
E o primeiro galo a cantar
Janela entreaberta
Nenhum feixe de luz
Céu azul, pálido e frio
Não dormi, não tive sonhos
Meus olhos pesam
Silêncio
Sinto um leve frescor
Uma brisa encontra-me
Percorrendo as pernas


À espera dos raios luminosos
O céu muda de cor
Abrirei a porta
Caminharei até o terraço
Tinta, aquarela e papéis sobre uma mesa
Rede vazia e estática
Nenhuma brisa
Calmaria
Aroma de magia
Tranquilidade é o nome da manhã"


Um sonho, um livro e as Baleias...

As férias finalmente chegaram... Aproveitando as mesmas para organizar minhas coleções, livros, decorações do quarto e meus milhões de diários... As vezes sou muito esquecida, por isso preciso de um diário para anotar sensações, momentos e detalhes que podem cair no esquecimento algum dia, afinal a vida hoje passa tão rápido que mal nos damos conta. Faço tantas anotações e há tantas agendas, cadernetas e folhas avulsas que me perco numa imensidão de lembranças. Estava lendo em um diário de sonhos sobre um lugar onde havia uma casa de madeira com pouca grama ao redor, uma chaminé e um lampião na entrada de uma janela pequena com vidros esfumaçados. Talvez eu estivesse morando naquele lugar em alguma dimensão distante.

Caminhei até chegar a beira do mar que roscava suas quebras de onda nos pés descalços. Um som longe surgia diante daquela imensidão azul, enquanto mais e mais sons se apresentavam em uma tarde de céu coberto com algumas nuvens e o sol muito tímido as escondidas por trás das montanhas. No mar avistava baleias que sopravam ao longe jorras de água pintando os céus com detalhes cristalinos. De repente me via no fundo do oceano flutuando precisamente como uma bailarina e várias baleias ao redor. Quando fecho os olhos e abro-os novamente me vejo retornar a beira da praia já coberta de estrelas. Nem sei se esse lugar realmente existe. Ao entrar em uma livraria esta semana deparei-me com um livro que me fez recordar deste sonho. Nem acreditei quando li a sinopse, foi como uma flechada na alma!

Para amantes de Baleias como eu:


O livro de Lynne Cox conta uma história real narrada pela autora que também é nadadora, sobre uma experiência quando nadava no oceano pacífico. Após um treino de mais de uma hora ela precisava sair da água para descansar, mas após minutos de pânico ela percebeu que um filhote de baleia a seguia. Se ela saísse da água o filhote a seguiria até a praia e morreria encalhado na areia. Esta é uma história de magia e mistério que aconteceu naquela madrugada. Gosto de leituras que me remetem a histórias reais e de preferência com algum tipo de ligação à natureza, aos animais e ao universo. Grayson é essa história!


É tão bom sentir que o mar te sente... na voz de uma de minhas cantoras favoritas.


" Hoje sonhei que estava no mar. Lembro-me que eu nadava em um mar de cor azul tão sereno... lembro-me de ouvir cantos de baleias, era uma sensação tão pura e tão magica que posso sentir o cheiro da maresia  e o vento gelado soprar... Sair da água e sujar os pés na terra cor rosada. Hoje amo ouvir o canto de baleia antes de dormir... me faz lembrar o canto das sereias. " DIÁRIO DOS SONHOS

Em busca da grama roxa...




  "Eu lia devagar, procurando e demorando-me nas frases belas e bem redigidas, absorvendo a sensação da era vitoriana, em que as pessoas usavam roupas tão lindas, falavam de modo tão elegante e encaravam o amor de forma tão profunda. Desde o primeiro parágrafo, a estória nos cativara com seu encanto místico e romântico. Cada página tecia vagarosa e elaboradamente um complicado entrecho envolvendo dois enamorados chamados Lily e Raymond, que se viam obrigados a sobrepujar obstáculos monumentais para encontrarem e alcançarem o mágico lugar onde todos os sonhos se transformam em realidade.
Oh, Deus, como eu desejava encontrar aquele lugar! Então, descobri a tragédia da vida deles. Durante todo o tempo eles haviam pisado sobre a mágica grama cor de púrpura... Imaginem! Todo o tempo naquele lugar mágico e nunca tinham baixado o olhar para constatar isso."
Raymond e Lily, estavam sempre à procura do lugar mágico onde havia grama roxa, no qual poderiam satisfazer todos os seus desejos. Não seria maravilhoso olharmos para baixo e avistarmos grama roxa?
"Manter todas as fantasiosas ilusões, dançando na grama cor-de-púrpura da altura dos olhos, usando roupas feitas com nuvens (...) Saltaria, fazendo piruetas (...)"

O Jardim dos Esquecidos e Pétalas ao Vento

A qualidade de Cristal Frio

Eis que surge o alvorecer. Poucas pessoas sabem, mas quando o sol ainda não é vigilante sobre nós, as poéticas naturais se aproximam com mensagens de pura calmaria. Eis então o Acordar. É muito cedo, o relógio marca 5 horas, tal como despertara. Para tão logo o cedo da manhã, tão logo aspirar o bom ar com feixes de luz que são como cristais finos de gelo. Eles vão entrecortando nas brechas da janela que ainda está úmida por causa de uma leve chuva da madrugada. São pequenos e suaves raios que trazem consigo algumas mensagens. 

"Sentir o Universo é um trabalho interior."

Eis que despertei sonolenta e melancólica. Mas penso que o poeta tenha a permissão para ser melancólico, não que eu esteja enquadrada aos livros dos poetas, mas os aspiro com intensidade e os admiro com atenção. É hora de trabalhar. Menear e Emanar. Eis duas palavras da manhã para enfatizar o corpo com saúde e energia. Tal trabalho para mim é obtido com melhores resultados quando praticados pela manhã, ainda quando o sol está escondido atrás das colinas. Atrás das Montanhas. Atrás das Muralhas. Atrás de Prédios. Onde quer que esteja, não importando, você deve praticar seu Momento Cristal.




A qualidade de Cristal Frio: Eis a denominação que expresso para práticas meditativas de respiração, criatividade e memória. Como expressei no inicio da postagem, a serenidade da manhã que ainda beira a madrugada, guarda sensações e mensagens de bem estar e calmaria, tal como um lago em dias de inverno. O que há para ser feito é tão singelo e no olhar sincero sobre a natureza, é mágico. Sentada na varanda de pedras e terra, tenho vasos de plantas e velas aromáticas, tenho raios matinais que se achegam como tecidos finos de linho sobre a pele, uma melodia cantada por pássaros que ainda tímidos começam a festejar sobre o dia. Deixe as pálpebras relaxarem sem fricciona-las e também nada tenha de tensão nas mãos, inspire com uma contagem de cinco segundos para cada respiração. Devo ressaltar que essa é uma dica minha, não uma linha a ser seguida. Cada criatura se comunica com o Universo a sua maneira. Se você possui uma forma particular de se comunicar com as conexões da Terra, apenas a faça. Isso é o que importa.

Guardando as qualidades: {Em potes pequenos ou caixinhas} Recite mensagens ou frases de afirmação para consigo ou frases que lhe deixam feliz. Ou pense em lugares que lhe proporcionariam uma satisfação momentânea. Posicione suas mãos abaixo de algum feixe de luz ou onde a claridade está aberta. Abra as mãos como quem espera receber um presente, respire fundo e feche-as. Agora aspire com a ponta dos lábios em alguma brecha das mãos os raios de cristal que guardados tranquilos entre os dedos, serão depositados em algum lugar. Sopre-os aonde queira (...) em lugares secretos.

Memórias com cheiro de Terra



Aqui há um verão intenso com raios solares que atravessam meu corpo sem igual. Tenho conseguido absorver aquilo que o sol nos oferece de presente todos os dias, a energia. E nesta onda de calor nada melhor do que tentar amenizar o mesmo com lugares assombreados e riachos. Deixei meu diário encostado nas raízes de uma árvore muito bonita com suas folhagens que parecem rabiscos e cores com tonalidades suaves. Desatei as sandálias e fui caminhar na terra molhada e macia pela qual um pequeno riacho atravessa com toda a sua majestade de libélulas. Quando mais nova, lembro-me de ficar sentada em algum canto reservado, pensando em como eu poderia me unir com os elementos da natureza e do mundo. Ficava horas imaginando ser um bicho-pau. Ou uma criatura que habita os buracos nas árvores. Eu queria ser estrela, nuvens, mar, pássaros e flores. Eu queria ser qualquer coisa assim, menos uma pessoa. Ficar sentada distante observando as pessoas sempre foi meu prazer. Na minha mente visualizava-as em câmera lenta, observava cada gesto e cada movimento. Era quase uma festa.

Hoje nada é muito diferente de quando criança, pelo menos a respeito de querer ser outra coisa que não fosse uma pessoa. É estranho pensar sobre isso na minha atualidade. Meus dias são tão corridos e as vezes tão frio, que lembrar de momentos da infância aquece a alma. Meus passeios tem sido solitários, livres de tensões que a vida cotidiana nos trás. Andar sozinha entre caules robustos de árvores, relva branda em verdes-claro, brisas quase que despercebidas e uma vontade enorme de ser pássaro. Dias assim devem ser registrados nas folhas amareladas de um caderno, memorizados e transformados em meditação. Infelizmente não vivo no campo com o abraço da natureza, toda memória que eu possa ter são guardadas das mais variadas formas. As vezes para ter momentos de grandes contentamentos basta relembrar as belezas estéticas que vivemos e absorvemos. É tão prazeroso ter uma alma, carregada de cheiro de terra e grama.

"A maioria dos dentes de leão tinha mudado de sóis, de luas."




Todos os dentes de leão são mágicos.
Todos os mágicos leões
Em suas florestas densas
Abaixo de Sóis e Luas coloridas
Cantando sonhos...

Guardando memórias em flor


Em uma caixinha de madeira estão guardadas os pequenos segredos e coleções que encontrados perdidos e escondidos são eternizados na memória intrínseca da alma. São pedaços de galhos, pequenos frutos coloridos que tornam-se pigmentos para aquarelas, flores prensadas e folhas variadas. Porque guardar essas matérias tem um sentido único para quem as guarda. Lembranças e segredos, memórias e porque não pequenos contos que são contados através dessas? 

Colher flores, prensa-las e guarda-las para posteriores observações. Podemos vir a criar o que quiser com as memórias eternas impressas deixadas em livros ou em quadros. É de fato uma arte delicada e sensível. É como guardar as memórias de uma pétala ou de uma folha. Aquelas células que lá habitam secarão deixando-nos os registros secretos da natureza. E quanto ao expectador? Imaginem as magias que através das digitais das pequenas plantas eternizadas são transportadas para olhar do observador, a fim de transmitir as mais profundas e delicadas sensações.

Há uma nobre artista que faz isso com um romanticidade incrível, posso sentir todas as informações das quais ela depositou em sua expressão, contudo não é somente o registro maciço das informações de uma planta, mas uma poesia localizada nas expressões das linhas projetadas no âmago daquela matéria, que vem a tornar-se uma representação da memória da mesma. Sem contar no prazer sensorial que temos ao enxergar e enriquecer a percepção com tamanha delicadeza. Gosto de encontrar artistas que fazem das coisas simplórias as mais sublimes reflexões e transmitem sua excentricidade nos transportando ao seu olhar, tal como um sonho, Mercedes Baliarda é uma dessas criaturas que nos presenteia com essas profundas informações.

As Flores e suas fragilidades são consideradas uma das características definidoras de sua arte que tentam criar uma sensação inquietante de pungência e uma beleza frágil. Um trabalho exuberante e repleto de magia que nos transmite uma conexão de uma alma flor em uma dimensão lírica dos sentidos.

Através de ambos os reinos, para sempre...





{ A lista das atitudes mágicas }


  • Levante-se cedo quando a casa ainda dorme, procurar um lugar arejado e inspirar o ar o mais profundo que conseguir, então será o começo do dia. Sopre o ar de volta na primeira árvore que lhe chamar atenção.


  • Caminhe em um lugar seguro, olhando para o céu e conte o máximo de nuvens que conseguir ou o tanto que quiser, conte até dez e diga o nome de alguém querido. Escreva uma carta para esta pessoa e diga que ela veio das nuvens. 


  • Visite alguém especial e dê a ela fragmentos de sua energia, dê seu sorriso e suas memórias. Combine com ela, toques mágicos como: cabelo, mãos e pés. 


  • Sente-se em um Café, tome um livro nas mãos, finja lê-lo e observe as pessoas atentamente. Anote em uma caderneta algumas expressões ou atitudes que lhe chamarem atenção. 


  • Abrace alguém espontaneamente sem que ela perceba, assim como um susto bom. Certas vezes algo inesperado é algo magnifico e a alma jamais esquece. 


  • Sorria para alguém que não conheça ou faça uma linda fisionomia para alinhar as boas energias entre as almas. Depois vire o olhar e continue a caminhar. 


  • Escreva suas principais qualidades em uma folha avulsa, uma lista de no minimo 7 qualidades, enrole e coloque em uma caixinha e guarde-a. Quando estiver se sentindo ruim consigo, abra-a e leia em voz alta.


  • Conte um segredo mágico sobre coisas mágicas. - você pode criar estórias 


  • Escreva em uma folha ou caderno palavras calmas, bonitas e alegres. Pinte ou decore e presentei-e alguém. Não esqueça de uma dedicatória e no final escreva: "Faça algo para uma pessoa especial sem me incluir e presenteie-a". 


  • Durma até mais tarde algum dia, e na madrugada crie algo diferente, guarde-o em um lugar seguro por uma semana e presentei-e alguém que goste como um presente. Durante a semana anote sobre os sete dias, pensamentos bons e inclua na criação

{ Sobre almas Distantes }

Sou uma criatura de vestes antiquadas, que anda devagar até um lugar onde eu possa me esconder. Sou um pequeno ser de olhar cansado que insiste em querer ver nas entranhas da terra outras formas de vida. Sou um pequeno ser que encontra-se perdido pois o mundo não consegue entender o porquê deu sempre desaparecer. Sou a criatura que ao levantar nas manhãs chuvosas, tentar capturar os trovões em frascos de vidro afim de torna-los amigos, pois eles me poem medo. Sou assim, bem pequena. Não sou tão notada e sou silenciosa. Costumo doar palavras sem medo, aquelas palavras despejadas de afeto. Mas somente isso. As falas calmas que saem de mim são grandes e as falas firmes não existem. Estou caminhando lentamente para ver o lago distante que aguarda a visita de seres distantes. Talvez seja um problema grande não conseguir permanecer junto das pessoas por muito tempo. Para os estudiosos de comportamento, deveras é um problema. Já eu não o considero, é apenas o silêncio. A calmaria de uma criatura que não vive nas entre aspas humanas.

Na biblioteca mais cobiçada da cidade, alguns entram e saem apenas para algo de rotina, ou nada por assim dizer. Não sentam apenas para observar as expressões humanas, e isto é um feito brilhante. Alguns apenas entram para comprar livros, justo... muito justo. Pegam alguns e saem. Batem a notinha na portaria e voltam para casa. As manias e tiques das almas distantes muito me agradam, elas estão tão próximas do que sou que quase não as noto, pois não as encontro com facilidade. As raras exceções, aquelas criaturas que se nota uma certa estranheza, para mim é motivo de celebração intrínseca ao tempo que posso escrever variadas histórias na minha mente sobre pessoas desconhecidas. 

Do lado de fora da biblioteca há uma avenida extensa onde carros passam todo o tempo e há uma grande mancha no meu silêncio pertinente. Ao transitar pelas ruas, qualquer buzina ou barulho alto de alguma coisa qualquer causa-me efeitos esquisitos. Sempre olho para todos os lados e minhas mãos soam. Efeito urbano causa-me um desconforto exagerado. Volto rapidamente para onde estive, do segundo andar da biblioteca cujas paredes não há, todos são vistos do lado de dentro e todos são vistos do lado de fora. Eu vejo aqueles que estão com olhos fitados nos livros e parecem não estar. São cativantes. Vejo aqueles que transitam entre as estantes de livros empilhados, estes são os caminhantes. São interessantes. E há aqueles que sentam no ultimo cantinho do ambiente, longe da vista de todos e não parecem ler e também não parecem escrever. Aquelas que pegam sempre mais de um livro e empilham fazendo a si próprio uma estante. Aquelas que ao passar alguém por perto desvia a atenção por segundos só para observar expressões. Que quando leem algo novo, leem novamente e depois leem em si e nos outros. Aquelas que entraram sobre efeito de silêncio e saíram em silêncio. Estas raras pessoas distantes. Elas possuem um mistério que cerca qualquer expressão das quais façam. São fascinantes. 

As pessoas poderiam interpretar tais seres como eu os vejo, mas não é assim que ocorre. Eu os noto em qualquer ambiente que eles possam estar, pois vibram na mesma onda que me encontro ao por elas passar. Mas as almas distantes são assim, por assim dizer... Distantes. O meu sorriso é leve e minhas expressões de sentimento são fracas, achegar-me diretamente nessas almas poderia ser um drama. Porém quando ocorre o momento é assombroso. Os olhares são compenetrados e os movimentos misticos de bocas, membros e mãos são os mais parecidos. Quando algum diálogo acontece, pode-se ter a certeza que é um marco estridente na alma. Então sorrisos leves são altos. Olhares mansos são bravos. E após tal encontro de especies extintas, os lagos distantes estão esperando por estas. Então elas se vão e deixam um marco de inspiração em nós. E assim, suavemente, minha alma distante conhece e reconhece estas pessoas, dessa forma tão estranha logo me ponho onde estive e por lá ficarei, mas minhas memórias das quais guardo sobre aquilo que me cativou, são eternas.

Memórias insólitas



Havia uma garota, cujo nome não me recordo, tinha uma imensa vontade de ter os cabelos brancos como a neve e os olhos violetas translúcidos. Lembro-me de tê-la em um sonho profundo, alguém com aparência distante das pessoas comuns da face da terra. Certa vez alunando, notei um surto de pensamento. Veio-me uma vaga lembrança de uma garota com vestes longos que se arrastavam pelo chão. Um vestido um pouco sujo, antigo. Com flores verdes bordadas nas pontas. Ela caminhava na ponta dos pés e olhava sempre em direção ao céu. Uma criatura, diferente coberta de silêncio. Nunca ouvi ela falar uma palavra, e era quase impossível ouvir sua respiração, se mantinha sempre longe com seu olhar taciturno. Notei que ela me aparecia em noites de Lua Nova. Não lembro de temer tal aparição, porém não me recordo de ter alguma animação com relação a mesma. Ela passeava pelo jardim e cheirava as roseiras. Passava a mão suavemente pelas folhas das árvores e de repente parava, ficava abaixo de alguma árvore, estática e se colocara a observar o céu, sempre no entardecer. Depois, desaparecia. Lembro-me de uma garota que não falava, era silenciosa na fala e conversadora no olhar. Não me olhava nos olhos, porém quando ocorria era sempre um choque para mim, não poderia imaginar nem sequer tinha coragem para achegar-me mais perto, não por temer, mas porque era bonito apenas observar distante e ver a sutileza que ela contemplava a vivacidade do lugar. Estremecia-me as pernas. A ansiedade tomava conta do ambiente por causa de sua presença. Havia cheiro de flores no ambiente e os ventos pareciam sempre como o soprar dos pulmões em sono profundo. Ela era uma memória de um sonho antigo em que ao olhar para o espelho, notava a aparência distorcida. Cabelos brancos como a Neve. Pele pálida e Fria. Olhos penetrantes. Criatura incomum. E por alguma razão eu estava feliz por vê-la em mim mesmo.



Bem Vindos!

Bem vindos ao resguarde das sensações.

Aqui é um lugar destinado ao compartilhamento sublime de ideias, pensamentos da alma e sobre as vivências nos caminhos de pedra até o vale mais próximo. Um refugio para minhas memórias. Sou apenas mais uma caminhante solitária em terras distantes. Adoro escrever sobre variadas estórias e sentimentos, sobre coisas sentidas e absorvidas. Amo a essência das coisas que não são notadas.



Não se trata de um diário mas, vários. Possuo muitas memórias das quais joguei-as pelo Universo. Sou amante das boas vibrações e bonitos corações. Sou inquieta com relação a movimentação celeste dos cosmos, como tudo que se ressoa à fora, ressoa dentro de mim. Eu vivo depois das montanhas, distante. Gosto de chá, horas calmas e frias. Não sou muito sociável. Prefiro o resguarde dos meus aposentos para pensar e ouvir o cantar das árvores. 
''Todos os dias milhares de energias atravessam nossa alma banhando-nos de puro amor, o planeta gira em torno de densas ondas cósmicas que são movidas por uma força além da qual podemos imaginar.''
Gosto de detalhes, amo-os. Gosto de inspirações que são duradouras. Citações e textos que nos fazem voar. Sonhos (porém não sei interpreta-los tão bem). Silêncios mágicos no alvorecer e Olhares perdidos. Gosto de flores em Borboletas. Folhas secas quando caem com o vento. Poemas. Memórias e Feitiços doces. Porque 'Depois das Montanhas'? Este titulo veio-me breve e muito rápido em uma noite de sábado cuja chuva não cessava. Estava a pintar um pensamento sobre como seria bonito estar a caminhar em lugares serenos e distantes das grandes movimentações e atribulações que o cotidiano nos trás. Logo pois, imaginei-me em uma dimensão cujo verde era expansivo e o céu cobria-me os olhos com sua sutileza. Logo ali, logo mais ali a frente, caminhando, chegarás. Depois das montanhas é onde me encontrarás.

Viszlát